terça-feira, 18 de setembro de 2007

Por que Sou Fundamentalista Bíblico

O Pastor Luiz Antonio Ferraz, autor deste artigo, concluiu seu Bacharelado em Teologia pela Faculdade de Teologia Filadélfia Internacional, de Recife, PE, havendo estudado dois anos na Faculdade Batista Regular de São Paulo, SP, e um ano na Faculdade Teológica Batista de São Paulo, SP. Ele é Pastor da Igreja Batista Vida Nova, na zona sul de São Paulo, SP. Atualmente ele, bem como a igreja que pastoreia, estão na Convenção Batista do Estado de São Paulo (CBESP).
É escritor de muitos artigos e apostilas, nos quais sustenta uma convicção fundamentalista bíblica, que ele sempre manifesta nas assembléias da CBESP.


POR QUE SOU FUNDAMENTALISTA BÍBLICO


Introdução

É preocupante a maneira como as pessoas usam e abusam do termo evangélico. Consideram evangélicos todo aquele que diz: "Senhor, Senhor!" (Mt 7.21). Mas o termo já está tão desgastado e deturpado como o outrora honroso título de "cristão". O mundo do Oriente erradamente considera todos os ocidentais como cristãos. Mas não podemos rejeitar o termo "cristão" somente porque ele é usado distorcidamente por crentes professos. Ele é nosso por direito, pois nos foi dado pejorativamente, quando os oponentes do cristianismo o rejeitavam. Hoje todos, que se dizem cristãos, aceitam o uso do termo.
Mas os verdadeiros cristãos são aqueles que seguem a Cristo e seus ensinamentos expostos na Bíblia Sagrada, sem nada omitir ou acrescentar à Escritura. Então os cristãos professos deveriam rejeitar o termo, porque eles não são seguidores de Cristo.
Entretanto para não ser confundido com um cristão professo, prefiro identificar-me como um Cristão Fundamentalista Bíblico. Os cristãos liberais detestam o termo Fundamentalista Bíblico, por considerarem anti-social, anti-intelectual e radical.
O Fundamentalismo não está em alta ultimamente, por causa da importância que a imprensa tem dado ao termo para se referir aos fundamentalistas islâmicos. A idéia que se tem de um fundamentalista, é de um fanático, ultrapassado, radical, inflexível e ignorante. Portanto os cristãos professos não gostam se ser enquadrado nesses termos.
Não me importo se ser classificado de fanático radical, e não tenho receio de usar o termo. Identificar-se como Fundamentalista Bíblico hoje, é expor-se como ignorante, separatista e ultrapassado, mas é também demonstração de coragem e amor à causa da verdade.
Este termo é de grande significância histórica para os verdadeiros cristãos, que defendem e praticam a verdadeira fé cristã. Precisamos declarar a pleno pulmões: Não somos protestantes, não somos evangélicos; somos Cristãos Fundamentalistas Bíblicos!


O Surgimento do Liberalismo Teológico

O Dicionário Aurélio define Evangélico como "Relativo ou pertencente a certos grupos religiosos, não ligados ao protestantismo histórico, que afirmam seguir os Evangelhos com especial rigor e fidelidade." De acordo com esta definição, qualquer grupo, que, originalmente, não faça parte do protestantismo histórico é considerado evangélico, porque são seguidores do evangelho.
Mas nos séculos XVII e XVIII a Igreja Evangélica foi infectada por várias formas de incredulidade. O deísmo inglês, o naturalismo francês, e o racionalismo alemão começaram a invadir gradualmente a igreja professa, particularmente seus institutos de ensino. Durante o papado de Pio X muitos professores foram expulsos das universidades católicas porque rejeitavam a autoridade da Escritura e da Igreja Católica. O papa Pio X passou a chamá-los de "modernistas". O liberalismo moderno atravessou o Atlântico, infectando colégios e seminários teológicos vinculados a igrejas, nos Estados Unidos da América.
A partir daí, os protestantes passaram também a empregar o termo modernistas àqueles que rejeitavam a Bíblia e a autoridade da Escritura e defendiam a supremacia da razão humana sobre a revelação bíblica. A teologia liberal dos modernistas mudou a autoridade da Bíblia para a experiência humana (razão e opinião) e para os sentimentos humanos. Passaram a defender a imanência divina em detrimento de sua transcendência divina para ensinar que Deus habita dentro do mundo e não à parte ou acima do mundo, levando à uma noção de panteísmo e à paternidade universal de Deus, com um conceito de fraternidade universal entre os homens e um universalismo teológico, valorizando, assim, as religiões pagãs.
O Liberalismo Teológico, por defender a existência inata de uma bondade humana, trouxe um otimismo humanístico, servindo de base ao progresso social, ao estado ético da perfeição humana, dando apoio filosófico à teoria da evolução e apoio político ao socialismo marxista.
Na verdade o liberalismo surgiu no Éden, quando Satanás levantou a dúvida: "É assim que Deus disse...?" O liberalismo tem produzido um evangelho social, acerca do qual podemos mencionar três resultantes: (1) uma falsa ciência: a teoria da evolução, (2) uma falsa filosofia: o marxismo, (3) uma falsa teologia: outro evangelho!
Com o surgimento dessas doutrinas satânicas, batistas e protestantes, nos EUA, levantaram-se contra o modernismo, posicionando-se ao lado da verdade bíblica. Desse modo tanto protestantes quanto batistas, foram chamados de Fundamentalistas. Mas quem primeiro usou o termo foi Curtis Lee Laws, editor do jornal batista Watchman Examiner, de Nova York. A intenção do autor era destacar verdades fundamentais do cristianismo, que os modernistas estavam rejeitando (Ef.2:20; 1Co.3:11).


As Diversas Fases do Fundamentalismo

George Dollar divide o Fundamentalismo em três períodos:
(1) De 1875 a 1900, no qual líderes conservadores levantaram a bandeira contra o modernismo dentro das denominações.
(2) De 1900 a 1935, no qual esses líderes deixaram suas denominações para formarem igrejas e grupos separados. Eles foram os arquitetos da separação eclesiástica.
(3) De 1935 a 1983, no qual a segunda geração de fundamentalistas continuou a batalha de fora das principais denominações, e teve que lutar contra o Movimento Neo-Evangélico (Dollar, A History of Fundamentalism in América, 1973).
Entretanto para facilitar o exame sobre o Fundamentalismo Bíblico, aceitaremos sua classificação em quatro fases distintas, as quais veremos a seguir.


Fase Inicial em 1920: O Surgimento do Fundamentalismo Histórico

Inicialmente o Fundamentalismo defendia apenas três pontos fundamentais, que às vezes, eram descritos como "os três R": a Ruína do homem no pecado; a Redenção através do sangue de Cristo; e a Regeneração pela ação sobrenatural do Espírito Santo.
Como já vimos quem primeiro usou o termo foi Curtis Lee Laws, Editor do jornal batista Watchman Examiner, de Nova York. No mesmo ano, em 1920, o batista John Roach Straton deu ao seu jornal o nome de O Fundamentalista. Consideravam-se Fundamentalistas aqueles que se opunham às doutrinas do Liberalismo [ou modernismo] teológico, e embora o termo Fundamentalismo ainda não houvesse sido cunhado, seu espírito podia ser visto entre aqueles que defendiam os fundamentos da fé fora das igrejas e dentro das denominações. Desde 1878 os Batistas e Independentes premilenistas clamavam contra o modernismo. Então em 1919 fundaram a Associação Mundial dos Fundamentos Cristãos, tendo William B. Riley como presidente. Essa Associação passou a fazer conferências bíblicas, apresentando os Cinco Pontos do Fundamentalismo que incluía:
(1) Inerrância das Escrituras: cremos na inspiração verbal e plenária da Escritura;
(2) Nascimento Virginal de Cristo: cremos que Jesus foi gerado pelo Espirito Santo;
(3) Expiação Vicária de Cristo: cremos que Cristo morreu pelos pecadores;
(4) Ressurreição Corpórea e Segunda Vinda Premilenista de Cristo: cremos que Cristo está vivo e voltará;
(5) Historicidade dos Milagres: cremos em todos os milagres relatados na Bíblia.
Os presbiterianos, em 1916, apresentaram os mesmos pontos fundamentais acima, unindo o quinto ponto, o da historicidade dos milagres, com o quarto, o da ressurreição corpórea. Mas os Fundamentalistas Premilenistas tendiam a colocar no quarto ponto, o da ressurreição corporal e segunda vinda de Cristo, a doutrina premilenista, mudando a historicidade dos milagres de quarto para um quinto ponto, ou até mesmo a doutrina premilenista como o quinto ponto, conforme vemos acima.
Em 1923 Machen, um líder presbiteriano, em seu livro Christianity and Liberalism, chamou a nova religião naturalista de Liberalismo, mas posteriormente seguiu a moda mais popular, chamando-a de Modernismo.
As maiores batalhas eclesiásticas ocorriam nas denominações Presbiteriana do Norte e Batista do Norte nos EUA. Em 1921 os batistas criaram a Federação Nacional dos Fundamentalistas dos Batistas do Norte e a Associação Fundamentalista e em 1923 a União Bíblica Batista. As batalhas centralizavam-se nos seminários, nas juntas missionárias e na ordenação de ministros. No entanto as verdadeiras fortalezas dos Fundamentalistas eram as igrejas batistas do sul e as incontáveis novas igrejas independentes espalhadas pelo sul, centro-oeste, leste e oeste dos EUA.
Embora o Fundamentalismo inicial tenha sido divulgado através do Cinco Fundamentos, é um erro pensar que apenas estes cinco pontos faziam parte do Fundamentalismo. De 1910 a 1915 foi publicado em 12 volumes uma obra chamada Os Fundamentos que já combatia uma lista enorme de doutrinas heréticas.
Esta obra teve sua origem entre pessoas das escolas bíblicas e eclesiásticos independentes, associados, mais tarde, com o Instituto Bíblico de Los Angeles e Instituto Bíblico Moody. Seus autores iniciais eram batistas, presbiterianos, anglicanos e outros independentes, dos EUA, da Inglaterra, Escócia e Canadá.
Os oitenta e três artigos abrangiam os seguintes temas: (1) uma declaração e defesa apologética das principais doutrinas cristãs (ex. Deus, a revelação, a encarnação, a ressurreição, o Espírito Santo, a inspiração); (2) uma defesa da Bíblia contra a alta Crítica alemã; (3) uma crítica a movimentos considerados não-cristãos (ex. filosofia moderna, ateísmo, romanismo, eddyismo, mormonismo, racionalismo, darwinismo [que deu origem ao Processo de Scopes em 1925], espiritismo, socialismo); (4) uma ênfase dada à evangelização e às missões; (5) vida piedosa como demonstração prática de defesa da verdadeira fé.


Fim de 1920 até 1940: O Surgimento dos Fundamentalistas do Sul

Os Fundamentalistas fracassaram na tentativa de expulsar os Modernistas de qualquer denominação. Além disso eles perderam a batalha contra o Evolucionismo. Agora lutavam entre si, dentro das denominações, embora os ortodoxos fossem a maioria. Por isso os Fundamentalistas saindo de suas denominações, passaram a fundar novas denominações. Em 1932 foi fundada a Associação Geral das Igrejas Batistas Regulares, em 1936 a Igreja Presbiteriana na América (hoje Igreja Presbiteriana Ortodoxa), em 1938 a Igreja Presbiteriana Bíblica, em 1947 a Associação Batista Conservadora da América.
George Marsden faz o seguinte comentário sobre este fato:


Na década de 1930, quando se tornou dolorosamente claro que reforma a partir de
dentro não poderia evitar a expansão do modernismo nas principais denominações
do Norte [dos Estados Unidos], mais e mais fundamentalistas começaram a fazer da
separação [da maioria das denominações da América] um artigo de fé. Embora a
maioria que tinha sustentado o Fundamentalismo nos anos de 1920 ainda
permanecesse em suas denominações, muitos batistas dispensacionalistas e alguns
poucos presbiterianos influentes estavam exigindo separatismo (Marsden, Reforming Fundamentalism: Fuller Seminary and The New Evangelicalism, Grand Rapids; Eerdmans, 1987, p7.).

Além do separatismo esses "novos" fundamentalistas defendiam o cristianismo verdadeiro, baseado numa interpretação literal da Bíblia. George Dollar dá a seguinte definição ao Fundamentalismo:


Fundamentalismo histórico é a interpretação literal de todas as afirmações e
atitudes da Bíblia e a aguerrida denúncia-exposição de todas as afirmações e
atitudes não bíblicas (Dollar, A History of Fundamentalism in América, 1973. O Amilenismo e Posmilenismo rejeitam a interpretação literal da Escritura, especialmente das profecias. Alegorizam a Escritura para harmonizá-la com seus ensinamentos. Por conseqüência negam o reinado futuro e literal de Cristo sobre a terra.).

Neste período o termo fundamentalista veio a significar todos os protestantes ortodoxos, das denominações recém estabelecidas das igrejas do sul [fora das grandes denominações do norte], e das igrejas independentes em todas as partes dos EUA.


De 1940 a 1970: O Surgimento dos Neo-Evangélicos

A partir de 1940 os Fundamentalistas começaram a se dividir. Nesta divisão havia aqueles que, voluntariamente, mantinham o uso do termo, por continuarem a defender as doutrinas fundamentais da fé. Do outro lado havia aqueles que passaram a rejeitar o termo por considerá-lo indesejável, por entender que o termo carrega conotações de "divisão", "intolerância", "tolice" e atitude "anti-intelectual", despreocupado com os problemas sociais.
Este segundo grupo queria reconquistar a comunhão com os protestantes das grandes denominações do norte, presbiterianos, batistas, metodistas e episcopais. Este grupo passou a ser chamado de "evangelicals" ou "evangélicos". A partir de 1948 alguns passaram a ser chamados de "neo-evangélicos".
A partir daí o termo Fundamentalismo passou a representar um significativo contraste, não somente contra o Liberalismo ou Modernismo, mas contra o Evangelicismo ou neo-evangelismo.
O contraste entre Fundamentalistas e neo-evangélicos foi institucionalizado pelo surgimento de organizações. Os Fundamentalistas fundaram em 1941 o Concílio Americano de Igrejas Cristãs, de caráter separatista. Os neo-evangélicos, em 1942, fundaram a Associação Nacional de Evangélicos, que aceitava todos os protestantes e todas as denominações. O termo Fundamentalista continuou sendo usado pelas igrejas que compunham o Concílio Americano de Igrejas Cristãs e por diversas igrejas sulistas e independentes não incluídas no grupo. O Instituto Bíblico Moody e o Seminário Teológico de Dallas, usavam o termo com orgulho. O Concílio Internacional das Igrejas Cristãs, fundado em 1948, procurou dar ao termo aceitação mundial, em oposição ao Conselho Mundial de Igrejas.
Os Fundamentalistas e Neo-Evangélicos, de 1950 a 1960, tinham muita coisa em comum. Ambos criam nas doutrinas tradicionais da Bíblia, promoviam a evangelização e missões, defendiam uma moralidade contra o fumo, a bebida, o teatro, o cinema, o jogo de baralho. Os Fundamentalistas, no entanto, eram mais fiéis ao Cristianismo Bíblico. Militavam contra a apostasia nas Igrejas, contra o comunismo, contra os vícios pessoais e eram menos dispostos a conformar-se com a respeitabilidade social e intelectual. Opunham-se ao evangelho ecumenizado de Billy Graham, rejeitavam o liberalismo do Seminário Teológico Fuller.
Na América do Norte e na Inglaterra, aqueles que não eram nem fundamentalistas nem evangélicos, tendiam a considerar os dois grupos como fundamentalistas. Este engano continua existindo hoje, pois muitos acreditam que ser evangélico em sentido geral é ser fundamentalista no sentido bíblico, o que não é a verdade. Esta noção equivocada surge porque alguns grupos americanos, dizendo-se fundamentalistas, defendem uma atitude não separatista, de caráter ecumênico entre as denominações. Mas os fundamentalistas bíblicos se destacam por sua atitude de separação: "...saí do meio deles, e apartai-vos..." (2 Co 6.17) e ...sai dela, povo meu" (Ap 18.4).
Embora os neo-evangélicos se considerem fundamentalistas bíblicos, a história demonstra que de fato não são.
O neo-evangelismo tem sempre apoiado os cinco fundamentos, com exceção do dispensacionalismo. Até mesmo os idólatras romanistas e os sabatistas legalistas concordam com os cinco fundamentos. Todos os demônios também crêem! É certo que os cinco fundamentos são indispensáveis, mas estão longe de serem suficientes. Assim os Neo-Evangélicos, que não são como os fundamentalistas da antiga linha, que defendiam muito mais do que apenas os cinco fundamentos, se declaram fundamentalistas somente porque aceitam os cincos pontos do Fundamentalismo. Ao invés de admitirem que não são fundamentalistas bíblicos, como aqueles da antiga linha, e admitirem que têm repudiado o Fundamento Bíblico, eles têm feito concessões e transigências contrárias à Palavra de Deus. Eles estão tentando redefinir o Fundamentalismo de modo que o mesmo se ajuste às suas condições e na tentativa de adaptar o Fundamentalismo às suas crenças, eles têm afirmado que o Fundamentalismo Histórico não passou de uma mera exaltação dos "cinco fundamentos".
O surgimento do Evangelicismo e do Neo-Evangelismo é a prova de que o Fundamentalismo foi além de apenas defender os cinco pontos fundamentais. A separação entre fundamentalistas e neo-evangélicos é prova incontestável de que havia diferenças gritantes entre esses dois grupos. Até mesmo antes de 1930 o Fundamentalismo não foi conformista, mas depois desta data o Fundamentalismo tornou-se ainda mais separatista. O Dr. Cloud citando John Ashbrook informa que este autor definiu o Fundamentalismo como:


a crença, a proclamação e o guerrear pelas doutrinas básicas do Cristianismo,
levando a uma atitude de separação escriturística daqueles que as rejeitam (Ashbrook, John, Axioms of Separation, nd, p.10.).

Hoje aqueles que negam o guerrear contra o erro e o separar-se, características do Fundamentalismo Histórico e Bíblico, estão tentando reescrever a história, isto é, falsificá-la, a fim de tornar o movimento evangélico ecumênico aceitável, até mesmo por aqueles que, hoje, se declaram fundamentalistas.
A história, no entanto, mostra que a nota chave do Neo-evangelismo foi o repúdio ao separatismo e a outros aspectos considerados negativos da antiga linha do Fundamentalismo. Na sua história do Seminário Teológico Fuller, Reforming Fundamentalism, o historiador George M. Marsden torna claro que os antigos líderes do Fuller estavam conscientemente recusando os aspectos "negativos" da antiga linha do Fundamentalismo Histórico. O próprio título do livro de Marsden é evidência do caráter do Fundamentalismo Histórico, de estar em guerra. Está claro, para os historiadores honestos, que o Fundamentalismo de cinqüenta anos atrás, isto é, da década de 1940, era caracterizado por guerrear, caracterizado por ter a disposição de lidar com os fatos negativos, expondo, denunciando e combatendo o erro e os errados, e caracterizado por separação do erro e dos errados. Foram exatamente esses fatos que fizeram nascer o Neo-evangelismo, em oposição a estas características do Fundamentalismo Histórico e Bíblico.
Marion Reynolds, diretor da FEA - Fundamental Evangelistic Association, em Los Osos, Califórnia, conhece bem a história do Fundamentalismo, pois seu pai foi um dos líderes do Fundamentalismo de antigamente, e ele próprio tem estado na linha de frente do Fundamentalismo Bíblico por pelo menos 40 anos. Então Marion sabe do que está falando, ele conhece a verdadeira história do Fundamentalismo Bíblico Americano.
Ao replicar à acusação de Jack van Impe, Marion disse que os líderes fundamentalistas de hoje têm abandonado suas heranças e que o Fundamentalismo de antigamente foi, não apenas confrontar ou guerrear contra o erro, mas sim, e muito mais, uma afirmação positiva das doutrinas centrais do Cristianismo.
Reynolds diz que:


...foi nos inícios da década de 1940 que uma maior separação ocorreu, e o Movimento Neo-Evangélico nasceu. Foi nesta época que o mesmíssimo espírito agora sendo advogado por Van Impe foi a força impulsionadora da decolagem do Movimento Neo-Evangélico. Daquele tempo em diante, a incessante batalha entre o Fundamentalismo e o Liberalismo tem sido complicada por este terceiro movimento,
o Evangelicismo, que tomou uma posição intermediária, de traiçoeiro acomodamento
e colaborismo. Alegando que, doutrinariamente, apega-se à posição fundamentalista, o Evangelicismo advogou uma posição mais positiva e uma comunhão mais aberta. Um ponto principal, naquele tempo, como hoje, gira em torno da questão de como tratar os irmãos que andam desordenadamente, e se constitui desordem ou não para um irmão, o permanecer em comunhão com aqueles que negam os fundamentos da fé. Os verdadeiros fundamentalistas crêem que todos os irmãos que têm comunhão com falsos mestres também são igualmente desobedientes e também estão caminhando desordenadamente. Portanto, o mandamento de Deus para nos separarmos de tais irmãos desobedientes não é menos importante para ser obedecido do que o mandamento de Deus para nos separarmos dos falsos mestres (M.H. Reynolds Jr. Heart Diseasein Christ's Body: Fundamentalism... Is It Sidetracked? [Doença Cardíaca no Corpo de Cristo: Fundamentalismo... Está ele posto de lado, num desvio sem saída?] Los Osos, Fundamental Evangelistic Association, nd.).

Você é um Crente Fundamentalista Bíblico?

O Congresso Mundial dos Fundamentalistas, que se reuniu em 1976, no Usher Hall, Edinburgh, Escócia, deu a seguinte definição de um fundamentalista Bíblico:


Um fundamentalista é um crente nascido de novo no Senhor Jesus Cristo que:
1. Mantém uma inarredável lealdade à Bíblia, como sendo inerrante, infalível e
verbalmente inspirada.
2. Crê que tudo que a Bíblia diz, assim é.
3. Julga todas as coisas pela Bíblia e somente dela aceita julgamento.
4. Afirma as verdades fundamentais da fé cristã histórica: a doutrina da trindade, a
encarnação, o nascimento por uma virgem, a expiação substitutória [sic], a
ressurreição corporal em glória, a ascensão, a segunda vinda do Senhor Jesus
Cristo, o novo nascimento através da regeneração pelo Espírito Santo, a
ressurreição dos santos para a vida eterna, a ressurreição dos perdidos para o
julgamento final e a condenação eterna e consciente, a comunhão dos santos, os
quais são o corpo de Cristo.
5. Pratica fidelidade àquela fé e empenha-se por pregá-la a toda criatura.
6. Expõe e se separa de toda negação eclesiástica àquela fé, acomodação com o erro e apostasia da verdade.
7. Ardentemente guerreia pela fé que, de uma vez para sempre, foi entregue aos santos (CLOUD, David W. Way of Life Literature, 1701 Harns Rd, Oak Harbor, WA 98277, [http://wayoflife.org/~dcloud].).

O Fundamentalismo Bíblico tem tomado uma grande variedade de formas. Como um Movimento, tem sido largamente interdenominacional, mas muitas igrejas separatistas e independentes, tais como as igrejas conhecidas como Batistas Independentes e Igrejas Bíblicas Independentes, têm aceito o nome de fundamentalista. Apesar desta variedade, no entanto, uma das principais marcas características do Fundamentalismo – sua própria essência – sempre tem sido o guerrear pela fé [o corpo de doutrina] da palavra de Deus. Qualquer crente que não seja verdadeiramente guerreador no seu posicionar-se pela verdade não tem nenhum direito de herdar nem usar o nome de Fundamentalista Bíblico.
Weniger escreveu para combater a falácia de que os fundamentalistas se preocupam apenas com os cinco fundamentos:


Como afluente presbiteriano da luta contra o modernismo, o Fundamentalismo
talvez tenha a ver somente com os cinco fundamentos... Mas a corrente principal
do fundamentalismo, mais especificamente os Batistas de todas as faixas, os
quais de longe representam a grande maioria dos fundamentalistas, nunca aceitou
somente os cinco fundamentos. A World's Christian Fundamentals Association
[Associação Fundamentalista Cristã Mundial], fundada em 1919, tinha pelo menos
uma dúzia de doutrinas cristãs ressaltadas. O mesmo é verdade quanto à
Fundamental Baptist Fellowship [Comunhão dos Batistas Fundamentalistas],
originada em 1920. Um verdadeiro fundamentalista sob nenhuma circunstância
restringiria sua posição doutrinária aos cinco fundamentos. Mesmo o Dr. Carl F.
H. Henry, um teólogo neo-evangélico, listou pelo menos várias dúzias de
doutrinas essenciais à fé. A única vantagem de reduzir a fé a cinco fundamentos
é fazer possível uma mais larga inclusão de religionistas [sic], que podem estar
muitíssimo afastados em heresias em outras doutrinas específicas. É muito mais
fácil ter um grande número de adeptos, quando nos acomodamos ao mais baixo
denominador comum em doutrina (G. Archer Weniger, in Calvary Contender, 15 de abril de 1994.).

O Dr. David W Cloud, em seu Ministério Way of Life Literature, argumenta:

Embora o acomodamento doutrinário e o mundanismo estejam devorando algumas
igrejas batistas fundamentalistas, pelas suas beiras, louvo a Deus pelo
Movimento Fundamentalista Bíblico. Louvo a Deus que por 26 anos, no meio da
apostasia destas últimas horas, tenho encontrado comunhão com igrejas que são
comprometidas com todo o conselho de Deus. Posso ficar de pé no púlpito de
centenas de igrejas batistas fundamentalistas e pregar qualquer coisa da Bíblia
e ser completamente franco ao falar sobre apostasia e pecado, e receber um amém.
Louvo ao Senhor por isto. Batistas crentes na Bíblia são mais que Protestantes
ou Evangélicos. Eles não crêem que o Catolicismo Romano necessita ser reformado;
crêem que ele foi a mais completa apostasia já desde sua incepção, no século IV.
Em tudo procuram encontrar a si próprios em acordo com a autoridade do Novo
Testamento, inclusive quanto às ordenanças e a eclesiologia. Rastreiam sua
herança não através da Igreja Católica romana via Reforma, mas através das
igrejas Neotestamentárias que foram perseguidas por Roma através da Idade das
Trevas. Não dão a mínima importância às tradições, exceto aquelas deixadas pelos
apóstolos no Novo Testamento.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Sou Fundamentalista Bíblico

Dave Hunt, o autor deste artigo, nasceu em 1926 e desfrutou das vantagens de uma educação piedosa e da freqüência regular a uma comunidade cristã conhecida como "Irmãos de Plymouth" (no Brasil, são as "Casas de Oração" do "Movimento dos Irmãos"). Decidiu-se por Cristo antes de ingressar no Ensino Médio.
Serviu na Marinha Mercante e no Exército, concluiu a Faculdade de Matemática, casou-se com sua esposa Ruth, nasceram-lhe quatro filhos e fez carreira como Consultor em Administração de Empresas e, mais tarde, administrando várias empresas. Ao mesmo tempo, Hunt conciliou a vida secular com o início e o desenvolvimento de um grande Ministério entre universitários e estudantes estrangeiros.
A partir de 1973, Hunt passou a dedicar-se integralmente à Obra do Senhor. Morando um ano na Europa, Hunt percebeu o perigo, através de um ex-guru hindu convertido, do Hinduísmo, das filosofias orientais e da Nova Era. Viajando à Índia, escreveu God of the Untouchables ("Deus dos Intocáveis"), onde aprofundou sua compreensão sobre o assunto. Vários livros refletiram sua preocupação missionária: Cult Explosion ("Explosão das Seitas"), Death of a Guru ("Morte de um Guru), The God Makers ("Os Criadores de Deus") e America, the Sorcerer's New Apprentice ("América, a Nova Aprendiz de Feiticeiro).
Paralelamente, Hunt percebeu a impressionante e sorrateira penetração dessas filosofias nas Igrejas Evangélicas. The Seduction of Christianity ("A Sedução do Cristianismo"), publicado em inglês em 1985, focalizou a atenção do mundo cristão sobre os ensinamentos perigosos e heréticos que comprometem a verdade da Palavra de Deus. A seguir, ele publicou Beyond Seduction ("Escapando da Sedução").
A atual preocupação de Hunt implica no novo ecumenismo cada vez mais crescente entre católicos e protestantes, que está refletido em Whatever Happened to Heaven? ("O que Aconteceu com o Céu?") e Global Peace and the Rise of Antichrist ("Paz Global e Ascensão do Anticristo"). Outro assunto freqüente deste Estudioso Fundamentalista Bíblico em suas palestras e publicações é o desmascaramento de heresias psicológicas abraçadas por muitos evangélicos. Ele publica um boletim mensal, The Berean Call ("A Chamada Bereana").



Sou um Fundamentalista Bíblico

Você é um Fundamentalista!" A acusação me foi dirigida quando ainda era um calouro da universidade, recém-saído do serviço militar, em 1947. Da maneira como ela foi feita, com tamanho desprezo, nenhuma explicação foi necessária para compreender que ser rotulado de "Fundamentalista" era um dos mais terríveis insultos no orgulhoso mundo acadêmico. Respondi algo como:
Se ser Fundamentalista significa aderir aos sólidos fundamentos da matemática, da contabilidade, da química ou de qualquer outra ciência, então aceito alegremente o título. E já que a Bíblia é literalmente a Palavra de Deus e é inerrante (sem erros), a única escolha inteligente é aceitá-la e permanecer fiel aos seus Fundamentos.

Essa resposta apenas aumentou a frustração e a ira dos que debatiam acaloradamente comigo já por duas horas.
A ocasião foi o primeiro encontro da "Hora dos Críticos", uma novidade que havia sido criada recentemente por alunos e professores da universidade para ridicularizar e desacreditar a Bíblia. Entre os espectadores havia um bom número de crentes que eu conhecia do grupo cristão do campus, mas nenhum deles disse uma palavra sequer. Fiquei sozinho naquele auditório, sendo alvejado com argumentos de todos os lados, todos favoráveis à evolução e ao ateísmo. Sendo um ingênuo jovem de 21 anos, fiquei chocado com a animosidade tão abertamente demonstrada contra a Bíblia e contra o Deus da Bíblia.
Naquele ponto da minha vida, mal ouvira falar de Harry Emerson Fosdick, pastor da Primeira Igreja Presbiteriana de Nova Iorque, uma pessoa-chave no Liberalismo/Modernismo Teológico americano. Tampouco fazia idéia da crescente rejeição da infalibilidade da Bíblia entre muitas pessoas que se chamavam cristãos. O nome de J. Gresham Machen era-me completamente desconhecido. Portanto, nada sabia acerca da batalha perdida que ele sustentara no Seminário de Princeton, na década de 1920, contra as heresias que levaram aquela escola a tornar-se completamente liberal e que alcançaram a maioria das igrejas presbiterianas.


Cristianismo Com "Roupagem" Moderna

Os servos mais eficientes de Satanás são mestres em ambigüidades. Fosdick reivindicava honrar a doutrina, mas ao mesmo tempo advertia sobre o "perigo de dar ênfase demais à doutrina..." Ele afirmou que "nada realmente importa na religião, a não ser aquelas coisas que fomentam o bem individual e público... e o progresso social."[1] Fosdick foi reconhecido naquele tempo pela maioria dos cristãos verdadeiros como o incrédulo que realmente era. Mas, Norman Vincent Peale, não menos herege que Fosdick, conseguiu achar aceitação virtualmente em toda parte, bem como seu famoso discípulo Robert Schuller.
O modernista toma as últimas idéias do mundo secular e enganosamente as veste com linguagem cristã. Ninguém tem feito isso com maior perfeição do que os atuais psicólogos cristãos, que de algum modo tomam teorias anticristãs de inimigos declarados do Evangelho e as "integram" à teologia. Peale foi o primeiro a fazer isso. Em 1937, ele fundou uma clínica "cristã" de psiquiatria em sua igreja. A clínica tornou-se modelo para numerosas outras semelhantes, as quais têm gerado fortunas para seus fundadores.
Machen foi exato ao demonstrar que a intimidação pela ciência e o desejo de obter aceitação e respeito na comunidade acadêmica têm resultado em comprometimentos, que na prática descaracterizam o Evangelho. Essa ânsia tem influenciado cada vez mais os seminários e faculdades cristãs. Machen acusou os liberais de "tentar remover do cristianismo todas as coisas que não possam ser aceitas pela ciência."[2]
Muitos dos evangélicos de hoje em dia parecem pensar que os cientistas sabem mais sobre o Universo do que o próprio Criador. Será que a Bíblia é frágil devido à ignorância de Deus? O resultado é um comprometimento fatal para a verdadeira fé. Temos observado isso na aceitação da evolução teísta por parte da revista "Christianity Today" (Cristianismo Hoje), dos "Promise Keepers" (Guardadores de Promessas) e de muitos seminários e universidades cristãs, mesmo que ela contradiga plenamente a Bíblia e subverta o Evangelho. O mesmo comprometimento ocorre quando se questiona a narrativa bíblica do dilúvio.
Billy Graham, que há décadas abandonou sua posição fundamentalista, recentemente disse não estar certo se o dilúvio de Noé foi realmente de âmbito mundial. O New Bible Commentary da InterVarsity também afirma: "A narrativa (bíblica) não relata diretamente um dilúvio universal..." A Bíblia, ao contrário, não deixa espaço para tais devaneios:

"...tudo o que há na terra perecerá" (Gn 6.17).
"...e da superfície da terra exterminarei todos os seres que fiz" (Gn 7.4).
"...e os montes foram cobertos. Pereceu toda carne..., ficou somente Noé, e os que com ele estavam na arca" (Gn 7.20-23).

As instruções de Deus para Noé, de que trouxesse um par de cada espécie para a arca, só têm sentido se o dilúvio atingiu o mundo inteiro. Deus prometeu não voltar a destruir a terra por água novamente (Gn 9.11), todavia têm havido muitas enchentes regionais desde aquele tempo. A destruição futura do mundo, conforme profetizada por Pedro, seria apenas um incêndio localizado, se o dilúvio com que é comparado foi limitado (2 Pe 3.6-7). Finalmente, Jesus compara Seu futuro julgamento da humanidade ao dilúvio (Mt 24.38-41).
Um Cristianismo Sem Inerrância

Temos que crer na Bíblia inteira. Isto é Fundamentalismo Bíblico. Se Gênesis não é exato em cada detalhe, em qual parte da Bíblia poderemos confiar, então? Se a Bíblia está errada quanto à origem do homem e seu pecado, como poderemos confiar no que ela diz sobre a sua redenção e seu destino eterno? Na verdade a Bíblia está absolutamente certa em tudo que declara.
Se as últimas descobertas da ciência concordam ou não com a Bíblia, isso não deve inquietar ao Fundamentalista Bíblico. Como confiamos em Deus, não somos intimidados pelos homens. Só um tolo trocaria a Palavra infalível de Deus pelas opiniões mutáveis e falíveis dos homens. Os cientistas cometem erros e muitas vezes são condicionados por preconceitos. No seu livro Great Feuds in Science, o historiador Hal Hellman documenta que até os maiores cientistas têm sido "influenciados por orgulho, ambição, cobiça, inveja e até por evidente impulso de estar certo".[3]
Tragicamente, diminui gradativamente o número de cristãos que ainda defendem a Inerrância Bíblica e a sua suficiência, como Harold Lindsell documenta em The Battle for the Bible. O Seminário Teológico Fuller é um exemplo citado por ele. Podemos dizer com certeza que para as multidões envolvidas no atual movimento evangélico a Inerrância raramente se constitui num problema, pois tais pessoas se apóiam em experiências e emoções mais que em doutrina. Para muitos atualmente, o amor por Jesus é um maravilhoso sentimento, divorciado completamente da verdade que Jesus afirma ser. No livro The Bible in the Balance, Lindsell confessa que "a palavra ‘evangélico’ tem se tornado tão desonrada que perdeu sua utilidade... Talvez seja melhor adotar a palavra ‘Fundamentalista’, mesmo com todos os ataques depreciativos que tem sofrido por parte dos seus críticos".



Motivos de Rejeição do Fundamentalismo Bíblico

O Fundamentalismo Bíblico tem sido estigmatizado por duas razões:
1- alguns cristãos fundamentalistas são fanáticos e afastam-se de outros cristãos de uma forma insensata e anti-bíblica;
e 2- por causa do exemplo do Fundamentalismo Muçulmano, que apregoa que todos precisam adotar as mesmas roupas e costumes que Maomé adotou no século VII. Consagrados que são ao alvo islâmico de conquistar o mundo pela força, esses muçulmanos fundamentalistas são responsáveis por muitos dos atuais atos de terrorismo. Por conseqüência, também os Cristãos Fundamentalistas Bíblicos, cuja lei maior é o amor, são freqüentemente retratados com estas mesmas cores de fanatismo.


Um Cristianismo de Popularidade

Todos que desejam confiar e obedecer à Palavra de Cristo e que querem ser Seus verdadeiros discípulos (Jo 8.31-32), precisam estar prontos a permanecer sozinhos, como Daniel e seus amigos. Com medo de serem diferentes, muitos cristãos seguem a multidão. Famintos pelos louvores deste mundo, eles amam "mais a glória dos homens, do que a glória de Deus" (Jo 12.43). C.H. Spurgeon ficou virtualmente sozinho, abandonado mesmo pelos seus ex-alunos e amigos, quando foi censurado pela União Batista Britânica, por sua indisposição em tolerar a apostasia dentro daquele grupo. A. W. Tozer declarou, pouco antes de morrer: "por causa do que tenho pregado não sou bem recebido em quase nenhuma igreja na América do Norte." Que acusação contra aqueles pastores e igrejas!
Cristo advertiu: "Ai de vós, quando todos vos louvarem! porque assim procederam seus pais com os falsos profetas" (Lc 6.26). Ele afirmou que a verdadeira fé em Deus é impossível quando nós aceitamos "glória uns dos outros", e, contudo, não procuramos "a glória que vem do Deus único" (Jo 5.44). John Ashbrook escreve que o "neo-evangelismo está determinado a impressionar o mundo com seu intelectualismo. Ele tem estado a buscar o respeito da comunidade acadêmica. Determinou ganhar glória nas fontes do ensino secular."[4] Carl Henry observou que "em conseqüência da crescente atitude de tolerância... a fé cristã foi embalada de forma a facilitar sua comercialização."[5]
O único inimigo do Liberalismo é a firme adesão do Fundamentalismo Bíblico à autoridade e suficiência das Escrituras. D. Martyn Lloyd-Jones lamenta o fato de que muitos evangélicos mudaram de "pregar" para "compartilhar" a Palavra de Deus, o que sutilmente transfere a autoridade da Palavra de Deus para a experiência e opinião humanas.[6] Tal comprometimento, além de não ajudar o incrédulo a enxergar a luz; ainda o deixa mais cego. Essa tolerância estimula a resistência dos homens em se submeterem à autoridade de Deus. O Liberalismo, inevitavelmente, endurece cada vez mais contra a verdade. Podemos ver isso atualmente em todo o mundo.



A Tolerância Quanto ao Homossexualismo

A aceitação de homossexuais, em nome da tolerância e do Liberalismo, tem produzido uma intolerância cada vez maior contra qualquer outro ponto de vista. O mundo inteiro, que por milhares de anos considerou o homossexualismo como antinatural e vergonhoso, agora está sendo forçado a abandonar tal convicção. Os homossexuais, que reivindicavam tolerância, têm se mostrado totalmente intolerantes na medida em que conquistam poder. Eles atacam com malícia, verbal e fisicamente, qualquer pessoa que queira manter uma opinião independente. O mundo tem sido coagido a garantir privilégios especiais aos homossexuais, apesar do estilo de vida "gay" ser cheio de práticas nocivas, levando à proliferação de doenças que ameaçam a sociedade em geral e reduzem pela metade a expectativa de vida das pessoas. A incurável AIDS, embora se propague em proporções epidêmicas, afetando inocentes e sendo fatal para todos que a contraem, é tratada com um sigilo perigoso e um status privilegiado, devido à sua penetração entre os homossexuais.


A Tolerância Quanto ao Evolucionismo

Vemos a mesma intolerância nos evolucionistas que acusam os criacionistas de pensamento bitolado. A ciência deve promover a liberdade de investigar e aceitar os fatos. Mas, em nome da ciência, a teoria da evolução é ensinada às crianças nas escolas públicas como fato, enquanto as evidências contra ela são omitidas e a alternativa bíblica e racional da criação de Deus não é admitida nem considerada.



A Situação na Rússia

Numa recente viagem a Rússia, um dos principais responsáveis pelo sistema educacional nos disse o seguinte: "Por setenta anos vimos os frutos da imposição dogmática de apenas uma opinião aos alunos. Estamos cheios disso e ansiosos para considerar as alternativas". O colapso do Comunismo deixou um vácuo moral que a Rússia está tentando preencher com os ensinos da Bíblia. Paradoxalmente, as escolas da Rússia agora acolhem os mesmos ensinos morais e da criação que estão banidos das escolas americanas! Não podemos saber quanto tempo isso vai durar. A Igreja Ortodoxa Russa, intolerante e firmemente contrária ao Evangelho, está procurando retomar o monopólio da religião – e alguns evangélicos americanos estão cooperando com esse sistema anticristão. Oremos pela Rússia.
O Cristianismo foi introduzido em 988 d.C. no país que mais tarde se tornou a Rússia, pelo príncipe Vladimir. Antes ele havia considerado o Islamismo, já que suas vinte esposas não causavam problema para aquela "fé". Mas como o Islamismo proíbe o álcool, ele acabou abraçando o Cristianismo da Igreja Ortodoxa, onde o álcool corria livremente (muitos monges e sacerdotes bebem intensamente) e onde a opulência dos rituais tem um apelo misterioso. Ele decretou uma esposa como "oficial", mantendo as outras dezenove como concubinas, enquanto usava o álcool livremente. Foi assim que a Rússia "converteu-se" ao Cristianismo. Em 1988, o milésimo aniversário desse evento foi celebrado com pompa e ritual. Billy Graham esteve presente para trazer suas congratulações. Na ocasião, ele disse:
Sinto-me profundamente honrado em congratular-me com vocês nesta histórica e alegre ocasião em que se comemora o milésimo aniversário do batismo da Rússia, proporcionado pelo batismo do príncipe Vladimir, de Kiev...[7]
A Igreja Ortodoxa, assim como o Catolicismo Romano, é inimiga jurada do Evangelho. Ela tem mantido o povo russo na escravidão e na superstição, ensinando-o a buscar nela a salvação, beijando seus ícones, pagando por orações e sacramentos. Embora rejeite o purgatório do catolicismo, ensina que, através de nossas orações, as almas podem ser resgatadas do inferno para o céu.
Visitamos, nas proximidades de Moscou, o centro da Igreja Ortodoxa, com seu seminário e muitas igrejas. Monges com quem falei explicaram que a morte de Cristo possibilitou a nossa entrada no céu, desde que fôssemos batizados, participássemos dos sacramentos e "vivêssemos o Evangelho". Para eles, a porta que Cristo abriu está no cume duma alta escada que precisamos subir pelos nossos próprios esforços, obedecendo à Igreja e auxiliados por ela.
Fui um dos preletores numa conferência em Moscou que atraiu pastores e membros de igrejas de toda a Rússia. Havia uma indisfarçável expectativa de que a Palavra de Deus fosse ensinada. Eu expus abertamente os ensinos e práticas não-bíblicas da Igreja Ortodoxa Russa que (como a Igreja Católica no Ocidente) perseguiu e assassinou multidões de verdadeiros cristãos. A Igreja Ortodoxa, que estabeleceu parceria tanto com os czares como com os comunistas que os sucederam, pressionou o presidente Yeltsin a favor da nova lei que suprime a liberdade religiosa (essa lei está sendo atualmente implementada em pequenas cidades fora de Moscou). Centenas de fitas de vídeo e de áudio de nossa conferência estão sendo distribuídas por toda a Rússia. Oremos para que dêem frutos!



Fundamentalismo Bíblico é Não Negociar o Inegociável

Como avisamos aos irmãos e irmãs da Rússia, o verdadeiro "crer no Senhor Jesus Cristo" para a salvação tem que ser uma profunda convicção e não apenas uma mera preferência. E esta corajosa convicção certamente será seguida de grande oposição e terrível violência da parte de Satanás e da carne. Lembrando que a eternidade nos espera em breve, jamais devemos trocar o eterno "muito bem, servo bom" de Deus pela aprovação dos homens nesta vida tão curta. A plenitude de vida, tanto agora como por toda a eternidade, tanto para nós mesmos como para as pessoas a quem temos a oportunidade e a responsabilidade de influenciar, depende desta verdade inegociável.

[1] Christian History, Edição 55, Vol. XVI, No. 3, p. 36.
[2] Ibid.
[3] The Bulletin, (Bend, OR, 4/7/98), A7.
[4] New Neutralism II, 8.
[5] World (11/3/89), 7.
[6] Ian Murray, David Martyn Lloyd-Jones: The Fight of Faith, p. 667.
[7] Foundation (9/98), 4.




Sou um Fundamentalista Bíblico, adaptado por Josias Baraúna Jr. e publicado originalmente como "Sou um Fundamentalista?", foi extraído do Jornal Evangélico Chamada da Meia-Noite, julho de 1999 - órgão informativo da Obra Missionária Chamada da Meia-Noite, editora que também publica em português os livros de Hunt, tendo sido este artigo publicado anteriormente em português no Jornal Fundamentalista TBC 8/98 - órgão informativo da União Bíblica Fundamentalista.


UNIÃO BÍBLICA FUNDAMENTALISTA
Caixa Postal 567
CEP 60001-970 FORTALEZA CE
Tel.: 0 ++ (85) 214-1412
E-mail: fundamentalistas@bol.com.br

OBRA MISSIONÁRIA CHAMADA DA MEIA-NOITE
Caixa Postal 1688
CEP 90001-970 PORTO ALEGRE, RS
Tel.: 0 ++ (51) 241-5050E-mail: mailto:fundamentalistas@bol.com.br

domingo, 2 de setembro de 2007

NOSSA DECLARAÇÃO DOUTRINÁRIA

CONFORME ADOTADA PELO YAHOOGRUPO FUNDAMENTALISMO BÍBLICO

E PELO BLOGGER SELEÇÕES BÍBLICAS FUNDAMENTALISTAS



Entre outras Verdades igualmente Bíblicas, cremos e sustentamos as seguintes:

1. A inspiração divina plenária e verbal das Escrituras nos idiomas originais, a sua conseqüente inerrância e infalibilidade e, como a Palavra de Deus, sua autoridade suprema e final em fé e vida;

2. A personalidade sobrenatural do Deus Triúno: Pai, Filho e Espírito Santo;

3. A divindade essencial, absoluta e eterna do Senhor Jesus Cristo, assim como a Sua humanidade, que O fez em tudo semelhante ao homem, exceto no pecado;

4. A concepção sobrenatural e o nascimento virginal de nosso Senhor Jesus Cristo;

5. Sua morte vicária e expiatória, em que Ele deu a Sua vida “em resgate de muitos”;

6. Sua Ressurreição dentre os mortos no mesmo corpo com o qual Ele foi crucificado, e Sua Segunda Vinda em poder e grande glória;

7. A depravação total do homem por causa da Queda;

8. Salvação - o efeito da regeneração pelo Espírito e pela Palavra - não através de obras nem em virtude do batismo ou de qualquer outro rito ou ritual da Igreja, mas unicamente pela soberana Graça de Deus mediante a Fé em Cristo Jesus;

9. A eterna bem-aventurança dos salvos e o eterno sofrimento dos perdidos;

10. A real unidade espiritual em Cristo de todos os redimidos por Seu precioso sangue;

11. A cessação dos dons de sinais apostólicos com o fechamento do Cânon do Novo Testamento;

12. A necessidade da manutenção da Igreja Visível, separada, pura e livre do Ecumenismo Romanista, do Modernismo Teológico, do Neo-Evangelicismo, do Carismatismo, e de todos os outros "ismos" contrários à Palavra de Deus, tudo de conformidade com os ditames desta mesma Palavra de Deus que é a Bíblia Sagrada;

E ainda, crendo ser o Credo Apostólico a afirmação de Verdades Bíblicas, nós o incorporamos, portanto, a estes artigos de Fé.